quarta-feira, julho 09, 2008

Dacroce My Heart


Luiz Carlos Dacroce
chegou a Portugal rotulado de craque. Antiga peça de relevo na engrenagem do Inter de Porto Alegre, foi feliz e contente que desembarcou nesse porto de abrigo chamado Beira-Mar, apenas a três anos de distância de ter marcado um golaço numa semi-final da Libertadores. Terá porventura pensado em repetir o momento pelos aveirenses na meia-final da então estreante Champions League?

Quiçá, pois apesar das partidas de Kangaroo-Kid Bozinovski e Milton "Smiley" Mendes, o plantel beiramarense gozava de grande prestígio em terras de Vera Cruz. Era a loucura entre os jovens brasileiros, que por todo aquele imenso País penduravam posters de Dinis e Krstic nos seus quartos. Ainda me recordo com doce candura dos porta-chaves com a efígie de Eliseu que eram ofertados aquando da compra de uma garrafita de Guaraná Brahma. Eram tempos de euforia, tempos de Acácio, tempos de Vítor Duarte. Foi pena a infame recusa de Serrinha, que na sua tão característica humildade, deu uma nega à vontade de Collor de Mello (o então presidente brasileiro) de rebaptizar a capital Brasília com o seu nome.

Voltemos então a Dacroce. Os sonhos de glória na squadra gialla ficaram pelo caminho, com um modesto 8º lugar, portanto longe da Liga dos Campeões. Dacroce não ficou de braços cruzados e fez uso do seu estatuto de craque para exigir uma transferência para um clube de renome. Seguiu-se o Belenenses, onde para não fugir à tradição, Mílton Mendes deu corda aos sapatos mal ouviu falar no nome deste centrocampista, refugiando o seu sorriso naquela mítica equipa madeirense que tinha alguns jogadores portugueses, mas dos quais ninguém se lembra.

Em Belém, terra onde Jesus não nasceu, o nosso homem voltou a não pegar de estaca, exigindo mais uma transferência após o mundialista David Embé o assediar constantemente nos treinos. A frase "o teu cabelo cheira a algodão-doce" foi suficiente para a PSP obrigar o camaronês a não se chegar a menos de 20m do brasileiro e aconselhar a direcção do clube a transferir o queixoso.

Isto leva-nos a Paços de Ferreira. Apesar de militar na II Divisão, o clube ofereceu-lhe um projecto ambicioso, que tornaria o brasileiro campeão de alguma coisa pela primeira vez na sua vida. Mas algo não batia certo. Desta vez, Mílton Mendes não teve a oportunidade de fugir do referido clube antes da chegada de Dacroce, simplesmente porque nunca jogou lá. Dacroce sentia-se desamparado. "Gosto sempre de ficar com o cacifo do Mílton. Ele deixa aquilo sempre tão arrumadinho e cheiroso. E decora-o com autocolantes do "tou". Gosto disso prá caramba."
Porém, os pacenses conseguiram convencer o quase-genial médio a assinar de qualquer forma, prometendo-lhe um cacifo melhor. Sempre estavam na Capital do Móvel. Foi assim que o convenceram. Isso, e uma carga de porrada que o defesa-central José Mota carinhosamente administrou a meias com Sessay.
Mas apesar deste início auspicioso, o trio de meio-campo Bozinovski/Sessay/Dacroce não conseguiu carregar a vila pacense à Divisão maior da nossa bola, e Dacroce exigiu a sua saída. Surpreso? Pois claro.
















Nova paragem? Chaves.
Dacroce foi recebido com pompa e circunstância num airoso Municipal de Chaves ainda abalado com a abalada saída de J'aime "Zidane de Amarante" Cerqueira para Barcelos. Pétalas de rosas eram atiradas à sua passagem. Amarildo e Guetov presentearam-no com uma bela folha A4 com um desenho a lápis de côr da sua autoria. Manuel Correia deixou-o afagar o seu bigode. Daní Diaz, Míner e Toniño cozinharam-lhe um pratinho de pimentos padrón.
Dacroce
respondeu com amizade: "Pimentos Padrón, uns pican e outros nón".
Frase essa que até hoje ecoa pelos húmidos, frios e desconfortáveis corredores do Municipal Flaviense. Por aí, e pela Europa toda, claro.
Mas mais uma vez, o final não foi feliz. O 15º lugar foi pouco para um homem habituado a grandes palcos e a meter 124 ervilhas na boca em simultâneo só com a ajuda do dedo mindinho.
Como tal, mais uma vez, pediu a disp...
Não.
Eis que vos enganais.

Luiz Carlos Dacroce, sempre imprevisível, decidiu continuar em Aquae Flaviae (a cidade, não o hotel cujos painéis publicitários forravam o Municipal de Chaves), dada a sua quentinha e aconchegada amizade com Zoran Bukcevic e Vinagre. Os três mantiveram-se no plantel para a época seguinte, que os viu miraculosamente atingir uma imaculada 10º posição no final, facto que não será alheio à contratação de 42 reforços, entre os quais se encontravam Tito, Luís Vasco, Putnik, Sabou, Parfait N'Dong, Matute e N'Tsunda.
Uma verdadeira All-Star Team cromíflua, cuja fartura de incandescentes estrelas levou o ofuscado Dacroce a partir para paragens onde pudesse, de uma vez por todas, assumir o papel de Deus incontestável, um pouco à imagem de Alfredo Bóia no Desportivo das Aves.

Assim, e com o objectivo meia-final da Champions League sempre no horizonte, decidiu sabiamente embarcar numa aventura por terras gregas, onde representou verdadeiros dejectos mal-cheirosos em forma de clube como o Apollon Kalamarias e o Messianiakos.

Desiludido, abandonou o futebol em 2003, uma época DEPOIS de Mílton Mendes abandonar a prática da co-habitação sorriso/bola na poderosa formação do Machico. Mas nos nossos corações perdura a tua imagem com a camisola do Barça, letreiro branco Tintas Europa 24m x 12m no peito, e a boca cheia de ervilhas.

Boa sorte, Cross.

25 comentários:

Rodrigues disse...

Uma resanha histórica deste histórico centrocampista onde nada falta: de Serrinha a desenhos a lápis de cor, desde Collor de Mello aos autocolantes tou, não esquecendo Embé. Justa homenagem.

Anónimo disse...

Não esquecer os pimentos padrón e o alfredo bóia.
também contam... :)

Gino Magnacio disse...

Lindo

E eu que sempre pensei que ele era frances.

Esqueceste-te foi da receita para o Apollon Kalamarias.

Ricky_cord disse...

Só faltou a referência ao Abdel-Ghany

Anónimo disse...

@vidalpinheiro: certo. peço perdão. mas tenho a certeza que continha pimentos padrón e uma pitada de serrinha.

@ricky_cord: Se fosse enumerar todos os cromos com quem ele jogou, nunca mais daqui saía...afinal o homem mudava de clube como o simãozinho muda de penteado.

Anónimo disse...

Ou como o Calado de namorado....

ups, merda, isto não era para dizer!!!

Filha da p#%& da minha sorte!!

O que eu queria dizer era que ele mudava tanto de clube como o put.. aaahn o rap... aaahn (bom , não interessa) como o Leandro Lima muda de idade.

eheh

Abraço, e que Zoran Ban esteja entre nós...

Ivo

Anónimo disse...

A publicidade Acquæ Flaviæ está para Chaves como Ramôa está para Braga LOL

Gino Magnacio disse...

E como a Ferbar para o Salgueiros

"Ferbar conservas para todo o Lar"

Para quando um post do predecessor do Vinha em altura e em jeito

Armando

Anónimo disse...

E como a Revigres para o Porto!

Anónimo disse...

@vidalpinheiro: não me lembro o suficiente dele para dizer algo que jeito tenha :)

Depois de acabarmos a poll para o magnífico "11 Cromos da Bola, SAD", podemos fazer uma poll de patrocinadores e marcas de equipamentos. Isso sim, daria pano para mangas.

Sai um Yoplait para a mesa dos leões serranos.

Gino Magnacio disse...

Acho que nem a mae dele se lembra, muitos Salgueiristas (entre ligarem o pacemaker e tirar umas passas no portugues suave sem filtro e )diziam que ele voltou a terra encarnado na pele do Vinha, que so conseguiam vislumbrar uma diferenca....a tache (o bigode a malandro carioca de inicio do sec XX).

Eu so me lembro de uma coisa talvez o meu primeiro golo, um golo que ele marcou ao Damas numa tarde de chuva intensa na piscina de Paranhos, no mesmissimo dia em que comecou o dep. de polo aquatico do clube.

E foi assim....

Jordao alivia rasteiro para canto....................................................................................................a redondinha fica presa num charco................................................................................................................Damas corre para afagar a deliciosa........................................mas nao surgido do nada surge o homem das andas.....................................Armando e e golo......a 1 metro da baliza Armando nao perdoa, e goooooooolo e goooooooolo e goooooooooooolo de Aaaaaaaarmando, Armando marcou um gooooooolo,Armando marcou, Armando marcou, Armando marcou????????

Anónimo disse...

Acho que temos craque...

http://www.record.pt/noticia.asp?id=794926&idCanal=13

Anónimo disse...

Ia agora mesmo postar isso :D

@vidalpinheiro: confesso que nem assim me lembro do gajo.mas agradeço a vívida descrição. :)

Anónimo disse...

Para quando um post sobre os patrocinadores mais cromos da nossa bola?

Muitos ja foram aqui citados, mas ainda ha muitos por ai a solta (os Queijos nao-sei-quantos do Sporting, o Gelpeixe amadorense, a "Capital do movel" pacense, entre muitos outros)..

Anónimo disse...

Queijo Castelões!!

Anónimo disse...

- Alisuper (Farense)
- Tintas Europa 2000 (o meu GDC, onde o meu pai jogou até 83/84 e foi companheiro do Borges e outros que tal)
- FAXE (ninguém sabia do que se tratava... dos 3 grandes o SCP ganha em índice cromífluo de patrocínio)

Outros virão...

Anónimo disse...

Faxe era uma cerveja. Holandesa, se não me engano.
Não ia fazer um post, mas tenho planeado fazer uma poll para pior patrocinador de sempre, como disse acima.

Não esquecer o "mimosa" do Boavista de há uma década. É sempre inspirador ver homens feitos com a palavra "mimosa" escarrapachada no peito.

Para mim, o Queijo Castelões é o melhor de sempre dos três grandes. Sou também um fã do "telhas campos" do Beira-Mar e do enorme "EMOLOC" do Leça. Já agora, o "Milraz" do VSC não era um fungicida, ou coisa do género?

Anónimo disse...

Se não me engano é um herbicida, do grupo Bayer.

Faxe era, de facto uma cerveja holandesa, que, dizer as más linguas, o ,também ele TULIPA, Stan Valkx era grande apreciador!!

(não podia deixar passar uma referência à Holanda sem homenagear este SENHO da bola nacional.

Que Vinicius e Marco Aurélio astejam entre nós...

Abraço

Ivo

Gino Magnacio disse...

Ate deitei uma pinguinha quando li o nome dele

Vaaa....Va.....

nem consigo dizer

Obrigado

Ivo

Anónimo disse...

Não há nada para agradecer,eu sei o que isso é...

Lembrar relembrar Valkx é relembrar Leal, Marco Aurélio, Lemajic, Costinha, Peixe, Pulo Torres...

Já não consigo escrever mais.

Tenho os dedos trémulos de comoção!!

Aquele bigode do Marco Arélio...

Agora sim, tenho que ficar por aqui senão ainda vou chorar...

Um Missé-Missé bem farfalhudo para todos.

Ivo

Anónimo disse...

Não há nada para agradecer,eu sei o que isso é...

Lembrar relembrar Valkx é relembrar Leal, Marco Aurélio, Lemajic, Costinha, Peixe, Pulo Torres...

Já não consigo escrever mais.

Tenho os dedos trémulos de comoção!!

Aquele bigode do Marco Arélio...

Agora sim, tenho que ficar por aqui senão ainda vou chorar...

Um Missé-Missé bem farfalhudo para todos.

Ivo

Rodrigues disse...

Faxe era (é?) uma cerveja dinamarquesa:
http://beeradvocate.com/beer/profile/783/2400

Sobre patrocínios, destaco o percurso acidentado do V. Setúbal: desde colossos como "Renault" e "Ariston" (a Juventus também era "Ariston" à época!) até marcas relativamente modestas como "Navigomes" e "Izidoro".
E a Académica e o U. Leiria nem sabem ao certo quem os patrocina, os jogadores parecem carros de F1, tal é a densidade de logótipos.

Anónimo disse...

Estava eu a passear no relvado do zerozero.pt, e nao e que me deparo com esta perola:

Tirsense

Patrocínio: Termolan, Kanimambo e Bazar Desportivo

Digam-me la se nao acham que estes 3 patrocinadores tem um indice cromatico muito acima da media?

Anónimo disse...

Já que de publicidade se fala, há que mencionar a panóplia revival de bonés de José Mota.

Anónimo disse...

http://noticias.uol.com.br/pelenet/porondeanda/ult2657u151.jhtm

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